De pasto degradado a floresta viva: fazenda no interior de SP recupera 77% da área verde com mais de 130 mil árvores plantadas
12/11/2025
(Foto: Reprodução) COP30: Pesquisadores do interior de SP debatem temas da agricultura na Agrizone
De uma fazenda degradada, sem água e usada para pecuária, nasceu um dos maiores exemplos de regeneração ambiental do interior de São Paulo.
Localizada em Pardinho (SP), na região da Cuesta, a Fazenda dos Bambus foi transformada pelo Instituto Jatobás em um espaço onde reflorestamento, produção sustentável e inovação caminham juntos.
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O modelo de agricultura regenerativa aplicado na fazenda dialoga com temas discutidos na COP30, em Belém (PA), como a produção sustentável, o uso racional dos recursos naturais e o combate às mudanças climáticas por meio de práticas que unem economia e preservação.
Área de conservação de Pardinho (SP) foi regenerada após ser utilizada para agropecuária
Reprodução/TV TEM
De cima, é possível ver o resultado da transformação. São mais de 200 hectares com árvores nativas, nascentes recuperadas e extensos bambuzais que formam hoje um verdadeiro mosaico verde. Mas nem sempre foi assim.
Antes, o local era uma área de pecuária com solo degradado e sem fontes de água. A mudança começou em 2006, quando a fundadora do Instituto Jatobás, Beth Pfeffer, decidiu restaurar completamente a área.
"Ela herdou essa fazenda do marido, que faleceu, e percebeu o potencial que o local tinha. Decidiu que queria transformar tudo, criar um projeto que ajudasse o planeta, começando por aqui", explica Guto Fagundes, diretor do Instituto Jatobás.
Desde então, mais de 130 mil árvores nativas foram plantadas, e 77% da área total da fazenda estão reflorestadas.
Fazenda de Pardinho (SP) investa na produção de Bambu
Reprodução/TV TEM
Um dos grandes protagonistas dessa mudança é o bambu, matéria-prima versátil, resistente e totalmente sustentável. A fazenda cultiva mais de 40 espécies de bambus, de forma orgânica, integradas à floresta.
"Hoje nós temos quase 70 hectares de bambu, com 41 espécies. Ele é usado na construção civil e na recuperação do solo. Temos estudos com a Embrapa que comprovaram melhorias significativas na qualidade da terra", explica João Batista Miranda Gomes, administrador da fazenda.
O bambu cultivado é certificado como orgânico e utilizado em projetos de arquitetura, design e paisagismo.
Além da produção, o local abriga chalés e espaços para eventos, todos construídos com telhados verdes e estruturas de bambu, reforçando a integração entre natureza e arquitetura sustentável.
"Muita gente acha que uma área preservada não pode ser economicamente viável, mas é o contrário. Aqui a gente gera renda com a horta orgânica e com os bambus, sem degradar o meio ambiente", afirma Guto Fagundes.
A fazenda também inspira novas ações fora de seus limites. No Centro de Pardinho, o instituto construiu o Centro Cultural Max Feffer, referência em arquitetura verde e sustentabilidade, onde são realizadas atividades gratuitas para a comunidade.
"A gente precisa pensar sempre em construir sem gerar lixo e cuidar da água, que é o bem mais precioso. Isso é o que vai garantir um futuro melhor para os nossos filhos e netos", completa João Batista.
Centro Cultural Max Feffer em Pardinho (SP)
Reprodução/TV TEM
Universidades paulistas destacam papel do interior na COP30
Enquanto projetos como o da Fazenda dos Bambus colocam o interior paulista no mapa da sustentabilidade, pesquisadores da Unesp, Unicamp e USP estão em Belém (PA) também participando da COP30.
Na chamada Higher Education for Climate Action, o pavilhão das universidades reúne instituições do mundo todo para debater o papel do ensino e da ciência no combate às mudanças climáticas.
Unesp participa da COP30 no Pavilhão das Universidades
A professora Priscilla Telles, do Departamento de Física e Meteorologia da Unesp de Bauru, explica que o objetivo do novo pavilhão, inédito na conferência, é mostrar ao mundo a importância das pesquisas ambientais desenvolvidas nas universidades e como elas já são aplicadas na prática.
"As universidades do interior também funcionam como laboratórios vivos. Lá já aplicamos tecnologias e práticas sustentáveis que podem servir de modelo para outras regiões", explicou a pesquisadora à TV TEM.
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