Vacina contra a dengue: veja por que Botucatu foi escolhida para estudo de imunidade
09/12/2025
(Foto: Reprodução) Botucatu é escolhida pelo Instituto Butantan para estudo de imunidade contra dengue
A experiência anterior com a vacinação em massa contra a Covid-19 e a predominância de casos de dengue do tipo 3 foram os principais motivos para Botucatu (SP) ter sido escolhida pelo Ministério da Saúde e pelo Instituto Butantan para um estudo de imunidade contra a doença causada pelo Aedes aegypti.
O objetivo é avaliar o impacto real da vacinação, ou seja, fora dos estudos clínicos, com a imunização de 50% da população de 15 a 59 anos. Algo semelhante ao que foi realizado durante a pandemia de Covid-19 com o uso da vacina contra o coronavírus desenvolvida pela Astrazeneca.
O estudo sobre a imunidade contra a dengue, utilizando as doses da vacina desenvolvida pelo Butantan, terá ainda a parceria com a Unesp de Botucatu, que também participou da vacinação em massa contra a Covid, e tem esse diferencial da estrutura para a pesquisa.
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Ministro Alexandre Padilha cumpriu agenda em Botucatu e anunciou escolha da cidade para estudo de imunidade da vacina contra a dengue
TV TEM/ Reprodução
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, esteve na cidade nesta terça-feira (9) cumprindo agenda da pasta e explicou, em entrevista à TV TEM, como vai funcionar o estudo e também como será a nova estratégia de vacinação contra dengue, que será viabilizada com a produção nacional do imunizante pelo Instituto Butantan.
“Vacinando de 40 a 50% de uma população na cidade, podemos conseguir um controle ainda maior. Botucatu tem uma experiência que fez isso durante a Covid-19, foi algo importante para mostrar a segurança da vacina naquele momento.”
Dessa forma, a estratégia é vacinar até 50% da população de 15 a 59 anos e acompanhar a redução de casos da doença em tempo real. A expectativa é de que essa estratégia de vacinação seja iniciada junto com a campanha nacional, até o fim de janeiro do ano que vem.
Ampolas da vacina contra dengue desenvolvida pelo Butantan
Camilla Carvalho/Instituto Butantan
“Os estudos mostram resultados ótimos, mas precisamos aplicar na realidade de uma cidade que consiga monitorar, ver a diminuição de casos graves e Botucatu é uma cidade muito preparada para isso. Nós estamos fazendo ainda alguns ajustes do método da vacina e para fechar todo esse esquema vacinal. Há alguns aspectos ainda a serem decididos, mas a vacinação será feita o mais rápido possível e de forma abrangente”, completa o professor Carlos Magno, infectologista e diretor da Faculdade de Medicina da Unesp, que é parceria no estudo.
Além de Botucatu, outros municípios com predominância do sorotipo DENV-3 estão em análise para integrar essa estratégia. As cidades serão escolhidas conforme a presença deste sorotipo por ser este um fator determinante no aumento de casos no país em 2024.
Ainda segundo o ministro, também está previsto para o ano que vem um estudo clínico da eficácia e segurança da vacina desenvolvida pelo Butantan para o público de 60 anos ou mais.
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Nova estratégia de vacinação
Além do estudo em Botucatu, a campanha nacional de vacinação contra a dengue será iniciada com 1,3 milhão de doses ofertadas pelo SUS a partir de 2026. Profissionais da Atenção Primária e adultos de 50 a 59 anos serão os primeiros a ser vacinados com o novo imunizante, que é de dose única e protege contra os quatro sorotipos da dengue.
A estimativa do ministério é que a vacinação comece até o fim de janeiro com os grupos prioritários, como explica o ministro.
“A vacinação já começa com a produção do Butantan, que vai disponibilizar volume suficiente para iniciarmos a imunização dos profissionais da atenção primária em todo o país. Estamos falando de agentes comunitários de saúde, agentes de endemias, enfermeiros, técnicos de enfermagem e médicos que atuam nas unidades básicas e visitam diariamente as famílias em seus domicílios. A atenção primária é a porta de entrada para os casos de dengue, por isso é fundamental proteger o mais rápido possível esses profissionais.”
Padilha destacou ainda que a vacinação de toda a população depende da produção de novas doses, mas a expectativa é ampliar a imunização contra a doença no país.
"Para a gente vacinar a população como um todo, a gente depende da produção do Butantan, da capacidade de produzir as doses de vacina, que foi feita uma parceria com a empresa chinesa. Inclusive fui pessoalmente à China para consolidar essa parceria, à medida que essa empresa chinesa possa trazer e produzir as vacinas para o Brasil, podemos começar a ampliar a vacinação para a população como um todo, de acordo com a recomendação dos especialistas.”
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